A integração sul-americana depende da engenharia brasileira

Em uma noite que celebrou o reencontro das principais lideranças da Engenharia, da Agronomia e das Geociências, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, ofereceu aos profissionais presentes à abertura do 14º Encontro de Líderes Representantes do Sistema Confea/Crea e Mútua, nesta terça-feira (28/1), a oportunidade de conhecer o andamento das cinco Rotas de Integração Sul-Americana, planejadas pelo novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. Se o local escolhido para a palestra magna do evento, em uma obra de arte da recente engenharia brasiliense, o estádio Mané Garrincha, já representava o reencontro dos profissionais com suas criações, a temática da palestra magna do evento acabou possibilitando vislumbrar não apenas os novos projetos que tanto despertam o interesse de todos os profissionais do Sistema, mas possibilitou até mesmo despertar ou reencontrar um sentimento de integração com os nossos vizinhos sul-americanos.

Tebet

Ministra ao lado do presidente Vinicius Marchese

Com bastante carisma, a ministra buscou sistematizar um conjunto de atividades que envolvem nada menos do que 190 projetos, a grande parte já em andamento, e que proporcionarão a integração econômica de diversos estados do país com os principais corredores de produção e de exportação do país e do continente sul-americano. "Não é uma palestra magna, magno é o evento, a partir do título: conectando lideranças que geram soluções. Sou uma pessoa de diálogo. E tudo o que o Brasil precisa é de união. E o Brasil precisa de vocês. A solução dos problemas do Brasil não está só na classe política, mas na atuação de todos nós. Vocês são os construtores do Brasil, no campo ou na cidade. Vocês são o PIB do Brasil", considerou Tebet, sob o aplauso dos espectadores.

Sonho e realidade

"Projetando caminhos para o futuro do Brasil", o slogan da 80ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), lançada pouco antes pelo presidente do Confea, eng. Vinicius Marchese, e pelo presidente do Crea-ES, eng. agr. Jorge Silva, foi também citado pela ministra.  "Tem a ver com as rotas de integração sul-americana. Tem a ver com o sonho muito antigo do Brasil, da integração com a América do Sul como um todo. Temos 200 milhões de sul-americanos e 200 milhões de brasileiros que estamos de costas uns dos outros. Perde todo o país com isso. Andando pelo Brasil como candidata e depois elaborando o PPA participativo, fui em quase todas as capitais, ouvimos que Brasil as pessoas queriam, um país desenvolvido, mas justo socialmente, que cuide das mudanças climáticas, mas gere empregos".

A proposta foi defendida pelos chefes de estado do continente durante o Consenso de Brasília, conduzido em maio de 2023. "Integração com preocupação com o financiamento das medidas para combater as mudanças climáticas. Depois, ouvimos todos os secretários de Fazenda e Planejamento e, a partir daí, fizemos o mapa da integração sul-americana, entre todos os estados e para todos os países. E apresentamos esse mapa das rotas de integração. Conversamos com todos os ministros, apresentando o plano. E conseguimos fazer uma carteira que, sem os senhoras e senhoras, não vamos conseguir implementar. Precisamos de logística para isso", disse, informando que o BNDES financiará os estados. "A partir daí, falamos com todos os ministros de Fazenda e presidentes de bancos. Todos estão interligados para que a gente pudesse dar vazão a essas rotas".

Público  acompanhou atentamente a apresentação

Público  acompanhou atentamente a apresentação

Conheça as Rotas de Integração Sul-Americana

Rota 1 — Ilha das Guianas: exportação de alimentos e bens de consumo final para a Venezuela e a Guiana, além da Ásia e do Mercado Comum e Comunidade do Caribe;
Rota 2 — Amazônica: exportação de produtos da bioeconomia, máquinas, equipamentos e bens de consumo de Manaus para Peru, Equador e Colômbia, além da Ásia e América Central;
Rota 3 — Quadrante Rondon: exportação de alimentos, máquinas, equipamentos e bens de consumo final para a Peru, Bolívia e Chile, além do mercado asiático;
Rota 4 — Bioceânica de Capricórnio: exportação de alimentos, máquinas e equipamentos e bens de consumo final para Paraguai, Argentina e Chile, além do mercado asiático; e
Rota 5 — Porto Alegre–Coquimbo: exportação e importação de insumos, alimentos, máquinas e equipamentos e bens de consumo final para Argentina, Uruguai e Chile, além do mercado asiático.

Ministra destacou a contribuição da engenharia brasileira para o sucesso dos projetos

Ministra destacou a contribuição da engenharia brasileira para o sucesso dos projetos

 

"São 190 projetos de integração sul-americana. De hidrovias e portos, até leilões de energia, relacionados ao PAC", frisou a ministra do Planejamento. Grande parte dos projetos passa pela compreensão de que as rotas de exportação do país estão se deslocando do Atlântico para o Pacífico para contemplar a demanda do principal parceiro comercial brasileiro, a China. "Em alguns trechos, estamos falando em diminuir a distância em 10 mil quilômetros. Quanto isso não diminui o frete? Vários países começaram a comprar do Brasil. daí a importância das rotas", considerou, apresentando um conjunto de iniciativas já em processamento, com uma estimativa de investimentos na ordem de nove bilhões de dólares. "A integração regional vai fazer com que os estados de fronteira, que têm o menor Índice de Desenvolvimento Humano, sobretudo nos municípios de fronteira, melhorem suas condições sociais, a partir da geração de emprego e renda", disse, chamando atenção ainda para a cadeia econômica do turismo, também a ganhar com esses investimentos.

Fonte: www.confea.org.br