A IA pode substituir engenheiros?


"Precisamos usar a Inteligência Artificial para análise preditiva, não usar ChatGPT para escrever e-mail. A gente passa a não ser um mero executor técnico, e, sim, um orquestrador de IA. Nós, como engenheiros, temos que nos tornar formadores de machine learning e ensinar a IA, se não, teremos uma parada tecnológica. Se não a alimentarmos, a IA vai nos substituir".

Carolina Hamdan, gerente de Planejamento e Inovação do Crea-MG

O apelo é de Carolina Hamdan, engenheira de telecomunicações e gerente de Planejamento e Inovação do Crea-MG, que participou do painel Dados na Engenharia: A Inteligência que constrói o futuro, da programação da 80ª Soea. "É muito importante alimentar o ecossistema de dados do engenheiro, que será a ferramenta de trabalho no futuro, mas ao mesmo tempo, tem que refletir se vale a pena levar nosso conhecimento para a internet", pontua.

Compõem o ecossistema do engenheiro projetos, desenhos, memoriais descritivos, cronogramas, modelos BIM, zoneamento urbano, indicadores, imagens de satélite, topografia, entre outros. Carolina tem experiência em projetos de dados abertos, integração de sistemas, melhoria de processos e transformação digital.

Diretor-geral do Instituto Jones dos Santos Neves, Pablo Lira

O segundo painelista, o geógrafo Pablo Lira, focou na importância de se usar a revolução tecnológica promovida pela IA na construção de cidades inteligentes e resilientes. "Os desastres climáticos estão aí. Não há mais espaço para improviso, para achismo. Precisamos de evidência, de ciência".

Lira é professor e servidor público estadual no Espírito Santo há 25 anos, no cargo de especialista em políticas públicas e gestão governamental. "Com a revolução tecnológica de hoje, a gente pode sonhar com espaços mais sustentáveis", defendeu, e como exemplo mencionou ferramentas como internet das coisas, realidade aumentada, impressora 3D, biotecnologia, robótica, drones, entre outros.

"A gente precisa reforçar a resiliência e a capacidade dos nossos municípios. O Instituto Jones dos Santos Neves fez um levantamento que chegou à conclusão que 15 entre as capitais brasileiras não tinham Plano de Mudanças Climáticas. É o que chamamos de negligência climática". Pablo é diretor-geral do Instituto. De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios, 68% deles não se sentem preparados para lidar com situações causadas pelas mudanças climáticas. "O futuro da espécie humana e do planeta Terra depende da tecnologia. Os profissionais da engenharia, da agronomia e das geociências são fundamentais. Aqui temos o público mais qualificado possível para pensarmos juntos", concluiu.

Fonte: Soea

date